Talvez por desconhecimento, alguns motoristas subestimam os riscos do pneu muito desgastado, ou careca, como se diz popularmente. Se você está entre esses condutores, é melhor repensar a própria postura e correr para providenciar a troca o quanto antes. Afinal, quando estão no fim da vida útil, os pneus comprometem seriamente a dirigibilidade do veículo, inclusive em pista seca.
Primeiramente, cabe explicar em que momento os pneus ficam carecas: isso ocorre quando o TWI (sigla de tread wear indicator), um ressalto perpendicular aos sulcos do componente, iguala-se à espessura da banda de rodagem. Nesse momento, a profundidade dos sulcos já atingiu o nível mínimo de 1,6 mm: esse limite é estabelecido pela resolução 558 do Conselho Nacional do Trânsito (Contran). Então, o proprietário deve substituí-los imediatamente.
De acordo com Roberto Ayala, Gerente Sênior de Engenharia de Vendas da Bridgestone, o pneu é desenvolvido para entregar o máximo de performance até o TWI. Ele esclarece que:
“Quando se ultrapassa este limite, todas as características trabalhadas durante a fase de desenvolvimento ficam comprometidas (desenho, composto, estrutura da carcaça, etc.)”
1. Pneu careca prejudica a frenagem
Se os pneus estiverem carecas e for necessário frear o veículo repentinamente, ele percorrerá um espaço maior e vai demorar mais que o normal até parar: pode ser aquela diferença entre sofrer, ou não, um acidente. Segundo Ayala, isso ocorre porque, quando estão muito desgastados, esses componentes apresentam menor aderência com o solo.
2. Pneu careca reduz a estabilidade
O especialista da Bridgestone destaca que, justamente devido à redução de aderência, o pneu careca prejudica toda a dirigibilidade. Isso inclui, além do poder de frenagem, também a estabilidade direcional. “A ‘pegada’ do componente fica comprometida, mudando significativamente a dinâmica do veículo, principalmente em altas velocidades”, salienta.
3. Maior propensão a estourar
Pois é: além de comprometer a dirigibilidade, o pneu careca também fica mais vulnerável a estourar em um buraco ou mesmo em uma emenda mais acentuada na pista. “Dependendo do nível do desgaste, as lonas de aço (que compõem a estrutura do componente) podem ficar expostas e sofrer oxidação causada pela humidade. Essa oxidação pode causar a separação das lonas estabilizadoras, trazendo grande risco de acidente”, adverte Ayala.
4. Maior vulnerabilidade a furos
É uma questão de lógica, como esclarece o porta-voz da Bridgestone: “como um pneu careca já perdeu quase toda a sua massa, o esforço que o objeto precisa fazer para penetrá-lo diminui”. Ele lembra que é relativamente comum ver pequenos parafusos cravados na banda de rodagem de um componente novo ou seminovo, mas sem atravessar a carcaça. “O mesmo parafuso certamente atravessaria a carcaça (de um componente gasto), em função da menor espessura”, conclui.
5. Pneu careca é muito suscetível à aquaplanagem
Lembra-se de todos os riscos que um pneu careca traz à dirigibilidade em pista seca? Pois saiba que eles tornam-se muito maiores sob chuva, quando a via fica molhada. Isso porque os sulcos localizados na banda de rodagem, responsáveis pela drenagem da água, não possuem mais a profundidade suficiente para exercer essa primordial função. Assim, perdem o contato com o solo com extrema facilidade.
O resultado é que o veículo pode ficar sem controle até mesmo em situações corriqueiras, sem que o motorista faça manobras bruscas ou atinja altas velocidades. Ayala aproveita para acrescentar que inclusive pneus em boas condições podem sofrer com a aquaplanagem em determinadas situações. “Por isso, é sempre importante reduzir a velocidade em caso de chuvas fortes”, alerta.